Pesquisadores encontram ossos de espécies desconhecidas em Marília
segunda-feira, 22 de outubro de 2012As escavações de busca dos esqueletos do titanossauro em Marília, SP, terminaram com grande repercussão. Pesquisadores do estado do Rio Grande do Sul e de Brasília estiveram na cidade para ajudar nos trabalhos, que foram um sucesso. Afinal foi encontrado um dos mais completos esqueletos de Titanossauro, além de ossos de uma espécie de crocodilo até então desconhecida.
O trabalho dos pesquisadores foi cuidadoso e lento, porque conforme avançavam com as escavações novos fósseis de dinossauros eram encontrados. Em apenas um parte, quatro espécies foram descobertas. Uma delas, e a mais completa, foi a de um titanossauro, com 13 metros de comprimento, que viveu aqui há quase 70 milhões de anos.
“Estes dinossauros ocorrem no mundo todo praticamente, então é importante achar um exemplar tão completo assim porque a gente tem mais chances de comparação com outras espécies, porque uma é conhecida só pela cauda, outra pela vertebras do pescoço, então aqui a gente tem a chance de comparar com muitos outros dinossauros, porque ele tá bem inteiro, a gente tem ossos representativos de quase todo o esqueleto”, explica o pesquisador Rodrigo Santucci, da Universidade de Brasília.
Junto com o titanossauro os pesquisadores fizeram uma descoberta inédita. Encontraram o crânio de um crocodilo de uma espécie que nunca foi catalogada. “É uma espécie completamente nova, é do grupo dos “Isfasis Sauridios” que era de crocodilos terrestres, com uma dentição especializada. Eram animais que , provavelmente, não comiam carne, incluíam material duro na alimentação, com plantas, imaginar um crocodilo comendo planta é uma coisa bem diferente. Mas, ele, naturalmente, comparando com outros membros da família já é um bicho que não tem nada incomum, é um bicho muito especial”, afirma o pesquisador da UFRGS, Marco Brandalisi.
Durante os trabalhos de escavações os pesquisadores encontraram também dentes de outros animais pré-históricos. Os especialistas acreditam que o titanossauro tenha morrido perto de um rio, que passava por aqui há milhões de anos. E que outros animais tenham se alimentado dele.
“Foram encontrados associados às costelas deste animal, dentes de dinossauros carnívoros e crocodilianos, isto significa que estas duas espécies de animais, provavelmente estavam se alimentando da carcaça do titanossauro neste local. Então seguramente este titanossauro morreu neste ponto e os demais animais carniceiros fizeram, provavelmente, um banquete com o corpo do titanossauro e isto dá pra resgatar, rescrever parte desta história de milhões de anos com a descoberta dos fósseis e estudo geológico das rochas”, destaca Willian Navas, coordenador do Museu de Paleontologia de Marília.
As escavações não atraíram a atenção só de pesquisadores das universidades federais. O local, que fica ao lado de uma rodovia, também se tornou ponto turístico. Famílias inteiras aproveitaram para ver de perto o que antes só conheciam pelos livros e filmes.
“Muito interessante, a gente tem a oportunidade de estar aqui vendo e presenciando o trabalho de um pessoal que tá resgatando uma história de 60, 70 milhões de anos e que a gente muitas vezes imagina que isto é uma mentira, que há 60 milhões de anos não pode ter existido animais do porte que dizem que era”, ressalta o engenheiro agrônomo, Roberto Barbosa.
“Eu acho uma oportunidade única de você ver um dinossauro, de você poder tocar nele, e eu acho legal, porque eu estou aprendendo um pouco disso”, completa Vitória Pascon Barbosa, de 11 anos.
Marília é conhecida em todo país pelas descobertas de fósseis de dinossauro. Além do titanossauro, na região já foram encontradas duas espécies de crocodilos com quase 80 milhões de anos. E tudo está em exposição no Museu de Paleontologia da cidade. O local guarda verdadeiras raridades. Tudo o que foi retirado das escavações ao lado da estrada, depois de catalogado, fica em exposição para a população. A expectativa dos pesquisadores é montar no local o esqueleto do titanossauro, que já é considerado um dos mais completos do Brasil.
“Tem muito material para pesquisar, a região de Marília inteira tem um patrimônio paleontológico gigantesco e a gente está fazendo o possível para que ele se desenvolva na própria região. É um patrimônio regional, mas de importância internacional”, finaliza o pesquisador Marco Brandalisi.
Fonte:G1